O Delfim – José Cardoso Pires

Nota 6 ( de 1 a 10)
Não é a mais fácil das leituras nem aquele fio de narrativa que se consegue seguir sem perder pitada enquanto se pensa noutra coisa, mas ainda bem.
Agrada-me que o livro não conte o que acontece, mas o que diversas pessoas pensam sobre o que aconteceu, e fá-lo de forma intencional.
Adoro os pormenores, e que pormenores, da gordura da dona da pensão, dos cães na mais intima relação com os que deles tratam, da propriedade acima de tudo e dos barmens como seres divinos.
Fala de universos como caça, a lagoa, a “vidinha” da mulher (naqueles tempos, quero crer), a aldeia. Podia mergulhar mais fundo, nessas áreas e ter personagens com maior congruência e profundidades, especialmente a mulher do engenheiro.
O livro vai correndo com fluxo lento no início, depois tem uma fase de enxurrada em que muita coisa acontece, e no final é a conta-gotas.