Foi bonita a festa, pá!

Quando a malta fala de fazer anos há sempre duas ideias que veem à cabeça. A primeira é a festa, num alusão infantil em que esta é indissociável de bolo. A segunda é como é que isto passou tão rápido?!?

No que toca à festa, ou melhor ao bolo, andava perseguir há anos uma receita que me soubesse ao que sabia o chiffon de chocolate da pastelaria amendoal que comia na minha infância, e consegui encontrar. Aquele sabor a chocolate que não é enjoativo, é molhado, sem teres que encharcar em calda e que se desfaz na boca. Sinto-me como se tivesse descoberto um novo elemento químico.

Já a respeito do tempo, o que mais me tem chateado nisto de ir somando idade não é descair, embora diga que estou na luta contra a gravidade. Importa pouco o que parece, na realidade tens a idade do cartão do cidadão e viveste esse tempo todo. Reages ao mundo com base no que já conheces e, acima de tudo, viver mais é melhor que viver menos por isso somar anos é para mim sempre uma vantagem.

O que mais me chateia nisto de envelhecer é que embora comecemos a ser capazes de adivinhar o futuro com maior grau de certeza, não conseguimos alterar o curso das coisas. Adivinhar sem mudar só aumenta a tensão e isso é o pior de ficar velho. Não desconheces mas também não podes moldar o que vives. Sou injusta neste não poder moldar, claro que podes ajustar pequeninas coisas mas não alteras a essência.

Foram 39 anos, fiz um balanço, faço sempre. E como diz Chico Buarque foi bonita a festa, pá!