E o que pensam da escola as famílias dos alunos que chumbaram mais do que uma vez ?
Entrevistaram-se mães de 12 jovens, 6 rapazes e 6 raparigas, que estudam num Território Educativo de Intervenção Educativa Prioritária, no Algarve solarengo. Foram várias horas de conversa que depois de transcritas, codificadas, tratadas e analisadas levaram às seguintes ideias-chave. Não gosto da palavra conclusões porque contém em si um sentido de fecho que não corresponde à verdade, são inícios de novas buscas, novas ideias.
Ideias-chave:
A escola é vista pela família como uma fonte de problemas, já que foi aí que os jovens revelaram comportamentos inadequados e foram sinalizados a Entidades com Responsabilidade em Matéria de Infância e Juventude (Ex: CPCJ, TMF). Esses encaminhamentos resultam da escola fazer um julgamento tendencioso das atitudes e comportamentos do jovem segundo as famílias.
– O percurso escolar dos jovens é marcado por uma mudança de atitude face ao percurso escolar, que começou positiva mas se tornou negativa, chegando a ser dito que só estudam porque é obrigatório.
O insucesso escolar é tido como parte do percurso escolar sem contornos de excepção e indesejabilidade, sendo justificado com características das respostas curriculares, dificuldades de aprendizagem e traços de personalidade dos jovens.
A família é inconsistente na aplicação de regras, limites, supervisão e sanção inconsistentes, que concerne educação dos jovens em geral. Quanto à educação escolar as participantes falam de dificuldades em ser encarregado de educação, com referências ao facto de o acompanhamento escolar dos filhos ser dificultado por terem falta de competências académicas.
As expectativas de futuro que as famílias têm para os jovens não são apresentadas como condicionadas pelo insucesso escolar.