Como é que eu vou viver sem Harry Clifton?

Li muitos comentários sobre estes livros antes de os ler mas nada me preparou para a leveza, o frescor e sobretudo as reviravoltas que esta história dá. Houve momentos em que pensei que era excessivo que ninguém tinha vidas assim, depois um amigo disse-me para ler a biografia de Jeffrey Harcher, e surpreendi-me. É verdade que ele próprio já viveu várias vidas o que dá um certo reconhecimento ao que se lê.
Estes livros foram uma chapada de luva branca, porque quebrei o meu princípio de não ler livros em que a personagem principal seja um escritor, e valeu a pena. Quando comecei não sabia que o Harry Clifton iria ser escritor, ainda que ele seja muito mais que isso. Aos 37 anos ainda se pode acreditar em super-heróis, quebrar as nossas regras e ficar muito feliz com isso.
Os cinco primeiros livros li de seguida, depois veio a pandemia e a biblioteca fechou, a Mafalda nasceu e muita coisa mudou. Dificilmente deixo de lado um projeto inacabado e, quando reabriram parte do mundo, comprei os últimos dois. O sexto li de um fôlego. Já o último foi de leitura lenta, embora tenha o mesmo estilo e a mesma cadência. O que mudou foi a minha vontade de terminar o livro, que se antes era grande porque queria saber o que se seguia, agora é pequenininha porque sei que tenho que me despedir de Harry, da família que construiu, de Virgínia e dos outros vilões.
Não é uma obra prima da literatura, mas são horas tão bem passadas. Viva o prazer de ler! Ler por ler, sem que daí resulte a maior aprendizagem. Uma leitura que se justifica por si, sem obrigações associadas.