À procura do desconhecido

Vou à Biblioteca numa sexta-feira à tarde, num ritual que se parece com a ida a igreja para os cristãos. A ideia era ir buscar o livro do clube de Leitura do próximo mês. A sexta-feira era a última do presente mês, e não há em mim falsa espectativas para a sessão que vai acontecer daí a quatro dias. Mas a guardiã do clube disse-me que o livro do mês corrente prometia, e a vontade de perceber como e porquê falou mais alto. Trouxe o livro comigo, a Terra Bendita de Pearl S. Buck.

No primeiro momento livre espreitei, num claro “deixa cá ver isto”, e foi um iman. Ao longo dos quatros dias todos os momentos livres foram passados juntos.

Os temas abordados não são centrais na minha vida, não me identifiquei muito com o descrito, ou com cultura vigente, mas a escrita senhores, a escrita é brilhante. Aquela simplicidade difícil que está ao alcance de poucos. São frases limpas, personagens bem construídas e ideias simples para problemas complexos. A escrita não pesa e incita à curiosidade, o motor que leva o leitor a mudar cada página. Este livro abriu-me a cabeça para pensar sobre coisas como a posse, o papel da mulher, o empreendedorismo, os volte-face da vida, mas sobretudo sobre a integridade.

Quanto à história do livro, essa já lá está à vossa espera há quase cem anos escrita sem reparos, e não há como sintetizar o que já está perfeito. Mas o melhor estava por vir. Na reunião quase todos concordaram que o livro era muito bom e lhes tinha tocado na alma, mas houve quem discordasse. Já vos disse que odeio consensos, que tenho mesmo medo de consensos. É da diferença e do respeito que nascem as boas ideias, é aí que se cresce e se aprende. Adoro fazer parte deste clube porque temos espaço para debater e porque sinto que cresço com todos o meus desconhecimentos que os livros e os os meus colegas me mostram com as suas opiniões ricas, diferentes e abertas.